MAESTRO PARAIBANO HOMENAGEADO NO RIO DE JANEIRO
O maestro paraibano filho de Caiçara, Joaquim Pereira, teve uma vida musical muito intensa como músico militar e como atuante professor de musica nos extintos Colégios das Neves, Lins de Vasconcelos e o ainda existente Pio X. Joaquim Pereira foi ainda um dos fundadores da Orquestra Sinfônica da Paraíba, sendo, portanto o seu segundo regente e o primeiro paraibano a dirigi-la, diferente do que informa alguns dos nossos órgãos de imprensa, de que o atual maestro João Linhares seria o primeiro a fazê-lo. Durante a sua vida Joaquim compôs mais de 300 músicas, inclusive foi o único autor brasileiro que teve uma de suas músicas incluídas na estréia da O.S.P.
Na carreira de músico militar, com apenas 19 anos de idade, regeu a Banda da Polícia Militar da Paraíba, indo em seguida para o Exército brasileiro, onde fez carreira iniciando no então 22 BC na capital paraibana, promovido a segundo tenente foi transferido para a Aman – Academia Militar de Agulhas Negras em Resende no Rio de Janeiro, onde ali, concorrendo com músicos de todo o país, foi aprovado em segundo lugar para a Escola Nacional de Música, que abandonou, saudoso de sua terra natal, solicitando a aposentadoria com apenas 44 anos de
idade na patente de capitão, deixando ali uma centena de composições.
De volta a Paraíba junto com o maestro italiano Rino Visani, dividiu o estrado regencial da O.S.P. durante alguns anos, até que abandonou
definitivamente as aditividades musicais.
Depois de reformado do Exército, durante os 39 anos que viveu Joaquim mesmo afastado de todas as atividades, todos os anos na data do seu aniversário recebia uma homenagem oferecida a poucos mortais, independente de quem era o regente o mesmo era visitado em sua residência pela Banda de Música do 15º Regimento de Infantaria, que executava a famosa ‘Parabéns pra você”, quando então o regente em sinal de respeito, passava a batuta para o aniversariante , que regia muitos dos seus dobrados executados quase diariamente nos quartéis do
Brasil e até no exterior.
A família do maestro se encontra a espera que a Prefeitura de João Pessoa cumpra uma lei em vigor há mais de 15 anos, dando o nome de Joaquim Pereira a um dos educandários municipais, já tendo o prefeito Luciano Agra sido contactado pelos familiares e admiradores do músico, que desejam que a homenagem finalmente se concretize.
Na semana passada, o atual regente da Banda de Música, solicitou as familiares do maestro algumas partituras de suas composições, tendo a sua filha mais velha Ione Pereira Oliveira Monteiro, junto com as sobrinhas Alexandra e Hellen, pessoalmente realizado a entrega no Salão de Música que leva o nome do paraibano, aproveitando o momento para registrar em fotos. Joaquim também teve o seu nome imortalizado no Salão de Música do 15º Batalhão de Infantaria em João Pessoa.
A FRUSTRAÇÃO DE D. ZILDA
Rubéns Nóbrega
Jornal da Paraíba
Na missa de 30° dia pós-falecimento de Dona Zilda Soares de Oliveira, ontem, na Capital, familiares e amigos lamentaram muito o fato de ela ter morrido sem ver realizado o seu último desejo: uma escola no município de João Pessoa com o nome do Maestro Joaquim Pereira, de quem era viúva.
Tanto que ela e a família pediram ao prefeito Luciano Agra! Mas o alcaide ignorou, sobretudo uma lei aprovada há mais de dez anos pela Câmara Municipal de João Pessoa, de autoria do então vereador Pedro Coutinho, autorizando o prefeito da Capital a homenagear daquela forma o Maestro Joaquim Pereira.
Em vez de atender a quem reivindicava a concretização de justíssimo reconhecimento, o Doutor Agra preteriu o grande arranjador e compositor paraibano, para, no lugar dele, atribuir a escolas recém construídas nomes de personalidades de evidência mais recente ou de figuras que nunca pisaram os pés na Paraíba.
Diante da lamentável atitude do prefeito, restou concordar, endossar e subscrever o comentário do cronista Pedro Marinho, genro de Dona Zilda e do Maestro, que escreveu dizendo assim:
– A lei de Joaquim Pereira deve se encontrar em algum escaninho da Prefeitura, quem sabe aguardando que amanhã ou depois alguém que efetivamente conheça a nossa história e os seus vultos a transforme em realidade e o nome de Joaquim Pereira, um dos fundadores de nossa Orquestra Sinfônica e o seu segundo regente, passe a figurar no frontispício de algum dos nossos educandários, servindo assim de exemplo para as gerações futuras.
MEMÓRIAS DAS BANDAS QUE PASSARAM
PALMARI LUCENA
Mostruários e prateleiras bem abastecidos. Secos e molhados, sempre bem observados e cuidados por seu Quirino, formavam uma barricada alimentícia separando o balcão e o freguês. Coexistiam em um lugar privilegiado da comunidade a mercearia e a residência do proprietário. Ilha do Bispo, assentamento humano fundado pelos portugueses em 1585, sem a menor atenção ou respeito ao meio ambiente. A aldeia de Piragibe, o cacique dos Tabajaras, não era mais. História aterrada nas margens dos rios e manguezais que a cercam, hoje uma das áreas mais carentes da cidade. Sempre esquecida.
Comemoração de aniversário, até nos esquecemos de quem. Memória limitada de criança, amnésia calórica provocada por bolo e guaraná ofuscou o nome do aniversariante. Perguntamos a familiares mais idosos. Decidimos que a festa era para a comadre Ana, dona Nana de seu Quirino. Nossa suspeita baseada no fato de que a parte musical havia sido organizada por seu irmão Quincas e o compadre Sargento Lucena, respectivamente mestre e trombonista da afinadíssima banda de música do 15º RI. O coral do Abrigo de Menores juntou-se ao programa cantando canções folclóricas nordestinas. Dia inesquecível, o bolo então… Voltamos muitas vezes à Ilha do Bispo dos Quirinos.
Qualquer ano da nossa infância, dia sete de setembro. Palanque recheado de autoridades civis, militares e eclesiásticas. Banda militar marchando, saltos dos coturnos ressoando em cadência rítmica. Rostos suados e instrumentos de metal brilhando à distancia. Massa humana cheirando a patriotismo. Acordes de um dobrado militar ecoando no corredor estreito da rua Duque de Caxias em direção à praça João Pessoa. Estuário do poder, repositório das águas de todos os rios. Liderando sua banda briosamente, o maestro Quincas, sargento Joaquim Pereira, para o Exército. Rosto gentil, porte militar. Gesto elegante de continência. As mãos delicadas de um artista não carregavam as marcas de uma juventude dura, aprendiz de carpinteiro em Caiçara. A banda passou…
Músicos tocando seus instrumentos… Travanquinha, Usura, Deco, Capote, Assis, Zica, Lucena e seus companheiros preparavam-se para o último ensaio sob a batuta do Mestre Quincas. Promovido a tenente e nomeado para dirigir a banda militar da Academia de Agulhas Negras. Partiu a caminho do Sul, carregando na sua bagagem de nordestino o dobrado ¨Os Flagelados¨. A música, seguindo seu criador, espalhou-se pelo mundo. Música para os excluídos. A banda continuou tocando…
Anos depois. A banda ¨Cinco de Agosto¨, da Prefeitura Municipal de João Pessoa, marchava tocando ¨Os Flagelados¨, do Mestre Quincas, sob a direção do Tenente Lucena. Membros da confraria de filhos de filarmônicas interioranas e bandas de música militares. Alguns fugiram da seca, flagelados musicais. Poucos ainda estão entre nós, muitos esquecidos.
Suplementos culturais, crônicas e até pronunciamos de políticos lembram-nos ocasionalmente dos músicos da nossa terra. Dobrados, valsinhas e canções que fizeram nossas praças mais humanas. Tentam libertá-las das garras dos viciados, delinquentes e assaltantes. Lógica estranha: cuidando da memória enquanto estamos prestes a perdê-la. Propõe-se o resgate de nossa herança cultural, música, folclore. E os que passaram? Carpinteiros, açougueiros, balaieiros, caiadores, mecânicos e outros que se transformaram em músicos, criadores de nossa memória musical. Serão respeitados, valorizados, preservados? Eles nos ensinaram sobre as possibilidades que começaram como sonhos. Joaquim Pereira, o Quincas das valsinhas inocentes, como um ósculo de mãe; o retratista musical da miséria dos flagelados; o carpinteiro que converteu sua régua de prumo em uma batuta de maestro. Será que vamos esquecê-lo?
O MAESTRO INDEXADO
Rubens Nóbrega
Jornal da Paraíba 26.04.2011
O professor e jornalista Arael Menezes tevê o privilégio de conhecer o Maestro Joaquim Pereira, aquele que por lei deveria ser nome de escola em João Pessoa, mas não é porque o prefeito Luciano Agra não quer.
A propósito dessa inexplicável indexação (ou nem tanto?), Arael lembra Damásio Franca. O ex-prefeito da Capital dizia que a Paraíba, especialmente João Pessoa, “é profundamente ingrata com os seus filhos, muitas vezes até procurando desvanecê-los, quando brilham em outros pagos.
“Vez por outra se torna uma realidade maior, como é o caso levantado em sua coluna, verberando o esquecimento do maestro Joaquim Pereira, figura impar no cenário musical da Paraíba anterior aos anos 70, do século passado, junto com outros nomes como Rino Visanni, Olegário Mororó, Severino Araujo, Tenente Lucena e Nozinho (desculpe pelo apelido, pois a memória me traiu) complementa.
Arael conheceu Joaquim Pereira ( ao tempo em que ele comandava como Mestre (este o título oficial) a Banda de Música do 15º Regimento de Infantaria (hoje 15º Batalhão de Infantaria Vidal de Negreiros). O professor também conviveu com os filhos do maestro, dentre os quais Josil, “que se fez cantor de radio, com destaque nos programas de auditório da Rádio Tabajara.
O professor recorda ainda que pouco antes de se incorporar ao Exército, como conscrito cumprindo serviço militar, assistiu às despedidas do maestro promovido a um posto superior na sua carreira no Exército, foi feito Mestre da Banda da Academia Militar do Exército, em Agulhas Negras, para onde se mudou com a família.
“Vale lembrar também que ele foi um dos primeiros residentes do Jardim Miramar, para onde regressou quando aposentado (reformado) e onde recebia homenagens especiais de seus ex-conduzidos na Banda do 15º RI, que faziam uma alvorada, com retreta, em sua porta em todos os aniversários”, revela Arael.
Na coluna sobre o Maestro Joaquim Pereira, publicada na quarta-feira (20), esqueci de dizer que ele saiu ao pai: aos oito anos, lá em Caiçara, já era marceneiro dos bons e músico dos melhores, tal e qual seu José de Oliveira e Silva, que também atendia pelo nome de José Faustino.
Faltou dizer também que Joaquim Pereira jamais tocou ‘forró de plástico’. Nem formou dupla sertaneja com seu ninguém, o que torna ainda mais estranho o veto ao seu nome por esse que é uma das pétalas mais vividas da Republica dos Girassóis.
QUERO, MANDO E POSSO!
Rubens Nóbrega
Jornal da Paraíba 21 de abril de 2011
Desde a estréia neste jornal, último dia 12, troco mensagens com o advogado, escritor e articulista Pedro Marinho sobre o empenho dele e outros familiares do maestro Joaquim Pereira para botar o nome do grande compositor e músico paraibano em escola da rede municipal de ensino de João Pessoa.
Eles se empenham nessa causa junto à Prefeitura da Capital, mas não o fazem como quem pede favor. Não precisa. A homenagem está prevista El lei aprovada pela Câmara Municipal, segundo projeto de autoria do vereador Pedro Coutinho apresentado há mais de 15 anos, mas inexplicavelmente, parece sofrer irremovível veto do prefeito Luciano Agra.
Segundo informações do Doutro Pedro Marinho, gestões foram feitas junto ao alcaide da hora para consumar a homenagem, mas sua Excelência não deu a menor e na base do “faço o que quero porque mando e posso, preteriu o maestro Joaquim Pereira e resolveu homenagear outras figuras que são tão ilustres e relevantes quanto o Joaquim Pereira, mas…
Os escolhidos pelo alcaide foram os médium Chico Xavier, o também músico Radegundis Feitosa e o Professor Ubirajara Pinto Rodrigues. Nada contra qualquer um desses. Muito pelo contrário.A família de Joaquim Pereira considera justíssimas tais homenagens, mas entende que o prefeito poderia, pelo menos, respeitar certa ordem de preferência, uma vez que o nome do Maestro aguarda vez há dois decênios e meio, ou seja,m há muito mais tempo do que os lembrados e contemplados em razão, talvez, de filmes em cartaz ou tragédias mais recentes.
E se eu lhes disser que, além de tudo, o atual regime sequer levou em consideração o desejo de uma viúva de 94 anos que, vendo o nome do seu marido vitimado por um ato de preterição explícita do governo da Capital, resolveu recorrer a Justiça? Foi o que aconteceu: Dona Zilda Soares de Oliveira entrou com um mandado de segurança para obrigar a PMJP a colocar o nome do de Joaquim Pereira em algumas das novas escolas da rede municipal.
Nem assim ela conseguiu. Sequer uma liminar lhe foi concedida pelo titular da Vara da Fazenda Pública da Capital na qual ajuizou o pedido. Também… A pobre da viúva não teve a mesma sorte: ao que estou informado, sua petição foi cair nas mãos do mesmo juiz que deu liminar para o prefeito Luciano Agra tomar posse do Aeroclube e o alcaide aproveitou a ordem, presumidamente de curta validade, – só de raiva talvez – mandar destruir a pista do estabelecimento.
Quem foi Joaquim Pereira
Copiando quase integralmente texto disponível na Wikipédia, AA enciclopédia livre da internet, reproduzo a seguir um resumo biográfico do Maestro Joaquim Pereira.
O compositor, músico e maestro paraibano Joaquim Pereira de Oliveira, nasceu em Caiçara, em 27 de maio de 1910, e faleceu no dia 29 de março de 1994.
Desde cedo, destacou-se pelo seu talento no clarinete, sendo nomeado aos 19 anos sargento-mestre da Banda de Música da Polícia Militar do Estado da Paraíba.
O maestro também foi um dos fundadores da Orquestra Sinfônica da Paraíba e dirigiu uma das mais famosas bandas de Música do Exército brasileiro, a Banda da Academia Militar de Agulhas Negras, no Rio de Janeiro. Deixou mais de 300 composições de diversos estilos, como dobrados, hinos sacros, serenatas, valsas e ainda uma sinfonia. A composição mais conhecida do Maestro Joaquim Pereira é “Os Flagelados”.
O maestro teve a sua vida e obra biografada no livro: “Joaquim Pereira, Maestro da Orquestra Sinfônica da Paraíba”, obra de autoria do seu genro, Pedro Manoel Macedo Marinho.
Joaquim foi o púnico compositor brasileiro que teve uma de suas composições executadas na estréia da Sinfônica da Paraíba. O seu mais famoso trabalho o dobrado “Os Flagelados” é executado em vários países e foi composto, graças a sensibilidade do compositor, ao encontrar na capital da Paraíba centenas de retirantes da seca ocorrida no sertão no ano de 1930.Parte de sua obra foi gravada em dois CDs duplos, denominados “Joaquim Pereira Dobrados & Valsas.
O nome do maestro Joaquim Pereira se encontra perpetuado nos pavilhões de música da Academia Militar de Agulhas Negras, em Resende, e no 15º Batalhão de Infantaria da Paraíba.
Prefeitura não responde
Como vêem, por todos os títulos o Maestro Joaquim Pereira é merecedor da homenagem que a Prefeitura da Capital está devendo e não paga, por capricho pessoal ou preferência do senhor prefeito, que não leva em conta, sequer, o fato de o homenageado em espera ter sido professor de música de diversas escolas da cidade.
Informo e esclareço ao distinto público que a razão do proceder de Sua Excelência vai ficar sem explicação definitiva, por enquanto, porque resposta alguma tive da Prefeitura ao tentar obter informações e esclarecimentos sobre o assunto através da Secretária de Comunicação Social da PMJP.
– Senhora Secretária, solicito informar, e/ou esclarecer o seguinte: tenho a informação de que mais dois colégios serão inaugurados até o final do mês na Capital e nenhum deles terá, como homenagem, o nome do Maestro Joaquim Pereira, cujos familiares aguardam há 15 anos que a PMJP dê cumprimento, nesse sentido,a projeto de lei de autoria do então vereador Pedro Coutinho, aprovado pela Câmara Municipal de João Pessoa. Sobrinho do maestro repassou-me que a família teria solicitado algo nesse sentido ao prefeito Luciano Agra e esperava ser atendida quando da inauguração de uma escola no Bessa, que teria recebido o nome de Chico Xavier. O incrível dessa história é que a viúva, de 94 anos, chegou a recorrer à Justiça ano passado para fazer valer a homenagem ao finado marido, mas, ainda assim, não conseguiu. Pergunto; a gestão tem alguma coisa contra o maestro Joaquim Pereira? Ou o nome do maestro será algum dia e finalmente afixado no frontispício de alguma obra ou logradouro na Capital?
Até seis da noite de ontem, nenhum retorno da Secom municipal sobre o caso de Joaquim Pereira foi enviado para rubensnobrega@uol.com.br. Continuarei no aguardo. Quando chegar alguma coisa, se chegar, publicarei.
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